26/03/2008

Ninguém...O Ninguém...


Quem és tu?
Caminhando sem ter pés…
Sem chão…
Nu…
Envolto em escuridão
Preso nas sombras
E beijado pela solidão…
Mas caminhando…
Quem és?...
Sem saber para onde ir…
Seguindo um destino vazio…
Um triste e usurpador vazio…
Que te envolve num ferido abraço de amor…
Num sufocante abraço…
O único abraço que terás…
Que te aperta,
Sufocando-te lentamente como um cancro
O cancro de seres invisível…
Quem é tu?...
Mergulhado no teu mundo
Onde ninguém te conhece
Ou ninguém quer conhecer…
Choras tu talvez
Por passarem por ti
Rindo…
Fingindo que não existes…
Quem és tu?...
Quem és, homem sem sentimentos?
Sem coração…
Quem és demónio sem rosto?...
− Eu…Ninguém…
Porque não és Alguém?
− Foram eles!
− Eles…assim o quiseram!
− Eles!...

15/03/2008

Mar...


Neste mar onde vivo...
Onde mergulho...
Em que me afogo...
Há algo mais que pura tristeza...
À mágoa no fundo deste lago imenso...
Um tal sentimento...
Tão intenso...
De uma tal solidão...
Profunda como este mar estrangeiro...
Uma mágoa perdida...
Escondida entre falsos sorrisos...
Entre falsas palavras de amor...
E perdido, nado à deriva
Sem encontrar
Quem me venha salvar...
Estou no fundo...
Nunca outrora vi tal negro...
Esta tal mágoa de amor...
Que me beija...
E me envenena
Toda a felicidade...
Neste mar de água suja...
Suja de sangue...
Entre qual não consigo caminhar...
Um sangue de uma alma ferida...
E neste lago em que reina a mágoa...
Sinto medo...
Pois um tal ódio ferve no meu coração...
E o negro poeta que se encontra dentro de mim
Pede para sair...
Sei que muito mais tempo não irei resistir...
Os meus olhos cegos...
Vêem um escuro...
Um negro ódio...
E medo...
Nestas lágrimas de vermelho...
Choro saudade
Daquela tal ignorância...
De uma infância...
Em que fui rei...
E batalhei por mim próprio...
Sem saber porquê?...
E sem questionar...
Mar negro de escuridão...
Não corrompas este falso coração...
Este coração que não bate...
Porque está carregado de mágoa...
Que não sabe para onde ir...
Pois ficou preso em ti...
No teu imenso...
Nessa tua mágoa
De escuridão...

07/03/2008

Dark XII – Mundo de Escuridão



Nesse teu mundo...
Onde vives...
Onde te perdes...
Onde finges ser poeta...
Há uma luz...
Pequena...
Quente...
Que te afaga o rosto...
Como se de um beijo se tratasse...
Que te chama...
Em mil palavras,
De mil vozes do teu pensamento
Mas não consegues ir ter com ela...
Com aquela pequena luz...
O amor dela...
Que em mil palavras desejas
E desaparece aos poucos...
Aos poucos...
Até desaparecer para sempre...
E tropeças nas pedras...
Do teu destino...
Que dizem ser aquilo que não são...
Amigos...

Como uma frágil criança...
Que inocentemente...
Tem medo de tudo...
Tens tu medo de onde te encontras...
Deste teu mundo que te beija...
Incendiando a tua face fria...
Que suga toda a pequena alegria...
Este teu mundo de escuridão
Este lugar onde não existe paixão...
Só aquela infinita solidão...
Que envenena esse tal coração...
Que já não tens...
Se tens...há muito que não bate...
Que a pouco...e pouco...morreu...
Nesta sibilantes palavras...
De veneno...
Palavras que achavas...
Amigas...


Neste choro seco
Corrompes o teu próprio eu...
E perguntas
Será que és mais forte...
Que o teu eu mais fraco?
O eu que caminha amedrontado...
Escorraçado...
Para uma solidão...
Para um vácuo de escuridão
Para um poço
Que se cava cada vez mais fundo...
Num olhar...
Numa palavra...
Num beijo...
De amor...
Nunca dado...

Mais...mais...
E mais...mais...
Cada vez fundo...
Nesta alegria
Nesta luz...
Nesta amizade...
De amor...
Que pega na pá...
E que cava a tua sepultura...
E neste funeral
De quem não morreu...
Caiem as lágrimas forçadas...
As lágrimas de fantasia...
Chorada por amigos...
De fantasia...
Nesta monotonia repetitiva
A morte dele torna-se festiva...

Voa pequeno corvo...
Nesta agonia
De seres tu próprio...
De seres sóbrio...
Preso na tua fantasia...
De que consegues voar
Por ti mesmo...
Dono das tuas asas...
Que usas para voar...
Apenas baixinho...
E triste...
Levantas a cabeça
E finges sorrir...
Mesmo que o teu âmago...
Esteja podre de loucura...
Da inexistente brancura...
Do teu negro coração...
De fingido...
Foragido...
Poeta...

Neste teu mundo...
Em que vives
Em que morres
E voltas a renascer...
Para mais uma vez sofreres...
Na tua escuridão...
No teu pecado vicioso...
Neste bem malicioso...
De uma luz...
Que não é mais...
Que o teu eu morto...
Morto mas alegre...
E que te desfaz...
Matando-se a si próprio...
Para te matar a ti...
Com esta singular palavra...
A...m...i...z...a...d...e...

E o amor?
Aquele que se diz
A tua luz...
Aquele amor que dizem haver por ti...
Mas que é inexistente...
Como tu...
Que apaixonadamente...
Te enterra...
Como se fosse obrigação...
Dar cabo desse estúpido coração...
Coração de Leão...
Morto pelo Caçador...
Que o abate com balas...
Bum!...
Bum!...
Num sibilar de falsas palavras de amor...
Proferidas na tua própria dor...
Por aqueles teus...
Amigos...
As armadilhas do teu mundo...
Do teu mundo de Escuridão...

O teu próprio mundo de Escuridão
Aquele mundo onde refugias...
Aquele mundo que não querias...
Mundo que crias-te na tua própria vergonha...
No teu véu de falso monge...
Que se esconde...
Na sua tristeza de amor...
Nas suas lembranças de morte
E tu?...
Pobre corvo de voz esganiçada...
Pobre corvo de consciência perturbada...
O preso...
Que lutas contra ti próprio...
Com a própria teia que teceste
Na teia, onde no teu último dia morreste...
E nesta tua gaiola...
No teu mundo de escuridão...
Voas mais uma vez...

Voas como se fosse a tua primeira vez
Sem saber por onde...
Mas voando a todo o custo...
Poeta voador...
Que não é dono...
Das suas próprias palavras...
Que escreve sem ser compreendido...
Sem mostrar que está arrependido...
Daquele amor que o coração sente...
E que a mente despreza
Ou não consente...
Neste teu mundo
És feito prisioneiro da tua consciência...
Por aqueles a quem pedes clemência...
Por que nada mais és...
Que um pássaro negro
Que pinta o branco...
E que de asas partidas...
Voa...
No teu mundo de Escuridão...
Mundo de poeta...