28/04/2009

A Escuridão engole cabeças!





Encolho-me na escuridão
Ponho as mãos na cabeça
E não sei o que pensar.
Chorar, escrever
Gritar, morrer?

O mundo está doente
Eu sei que ele está doente!
A vida está no céu
Presa por um fio sem atrasos…
A morte passa por todos
E ninguém se apercebe.
Ninguém se importa,
“Desde que não me toque!”

Há um rosto escondido nas trevas
E não é de certeza o meu:
É a escuridão
O rosto de uma sociedade
Apelidada moderna.

Já não há mendigos na rua
Muitos mortos pelo pão
Que forçosamente os obrigaram a engolir.
Mas a maioria está escondida
Em becos onde a escuridão os espera;
Porque a escuridão
É um monstro que engole cabeças.
Que engole ideias diferentes.
Diferentes das ideias
Daqueles que tem garfo e faca
Para poderem empanturrar-se
Com sangue que sobra da guerra.

E todos os aplaudem como heróis;
Porque já não há crise
E povo está feliz!
E o que há a fazer?
Lutar contra um sistema sistemático?
Nada há a fazer

E eu penso;
O que há a fazer?
Chorar, escrever;
Gritar, morrer?

Talvez deva cortar a minha cabeça…
(Antes que me a engulam!)

16/04/2009

A minha frase sem sentido…




Um dia deixei uma frase sem sentido
Voar por entre as árvores do mundo.
E um outro dia sem eu esperar
A frase que deixei um dia com o vento
Bateu na minha janela.
Abri a janela e deixei-a entrar
Depois de abanar os papéis
E de viajar nos livros de histórias
Tocou no pó da mobília já velha
E entrou como um sussurro no meu ouvido.

A minha frase sem sentido
E sem palavras ou sons
Que um dia deixei ao vento
Havia regressado finalmente a mim.
Depois de ter viajado pelo mundo inteiro
A minha frase sem letras ou sons
Regressará a mim trazendo em si
As boas e más do mundo lá fora.
Regressará para me trazer do mundo imenso,
Todas as boas e más palavras
Que faziam sentido a alguém,
Que algures lá fora;
Num dos quatro cantos do mundo
Decidiu
(Assim como eu)
Soltar ao vento…

Das palavras que completaram a minha
Deixo-vos eu algumas:

Paz,
Amor,
Guerra,
Tristeza,
Solidão,
Medo,
Fome,
Alegria,
Felicidade,
Saúde…
Assim como eu
Quando sentirem o vento bater-vos na cara
Sussurrem uma palavras que para vós
Faça sentido nesse momento.
E juntos comigo pensem também;
Que lá fora nesse mundo carrasco
Há sempre um alguém que não tem boca
E não pode dizer
Assim como nós
Do fundo do seu coração
Todas essas palavras boas ou más
Que fazem de nós
Apenas seres humanos…

08/04/2009

I' m not Insane?!

I’m nOt InsAne?!


Eu sei que não estou louco!
Eu não estou louco!
Eu sei que não estou louco!
Não estou louco!
Eu sei que não.
Eu não estou louco
E não estou sozinho.
Ele está comigo;
Ele é o meu melhor amigo.
É diferente de todos os que conheci
Ele está pendura do por uma corda
Que está no centro do meu quarto
Ele gosta muito de mim…
Diz que a minha solidão e a dele se complementam!
(Na minha opinião;
Ele é louco!)
Ele gosta de confessar os seus segredos
E eu confesso-lhe os meus…
São iguais.
Ele tem os olhos profundos e negros
E apesar de mortos os olhos vazios
Estão mergulhados de dúvidas.
(Os olhos dele são idênticos aos meus!)
Os cabelos deste meu amigo
(Que são iguais aos meus)
Pendem-lhe frouxamente da cabeça.
Alguns estão espalhados na camisola negra,
Outros, os que foram arrancados
Deambulam pelo chão.
Eu olho-o de todo,
(Ele é igual a mim!!!
Parece que olho um espelho
Não!
Ele é apenas parecido comigo!)

Eu não estou louco!
Ele sim! Ele está!
Eu não sou louco,
Ele é que é!
Eu não sou louco!
Não sou, pois não!?
Ou sou?!
Eu sou louco!
Louco!!!
Louco!!!

05/04/2009

“Adeus!”




“Adeus!”…
Foi essa a última palavra.
A última palavra que ouvi os teus lábios dizerem
Aos meus ouvidos sempre ansiosos de te ouvir
“Adeus!”…
Foi apenas o que disseste,
“Adeus!”…

Esse singular “Adeus!” fez-me lembrar outros tempos,
Naqueles fins de tarde
Em que abandonavas o “nosso” banco de jardim
E dizias “Adeus!”.
A esse “Adeus!” cheio de esperança,
Seguia-se sempre o “Até amanhã!”

Mas esse teu último “Adeus!” foi tão diferente
A esse “Adeus!” não se seguiu o “Até amanhã!” de sempre.
Da tua boca o “Até amanhã!” não veio
Nem o sol trouxe o “amanhã”
Para muitos o amanhã veio
Mas para mim não.

Sem ti não há o “amanhã”.
Sem ti não há o dia seguinte.
Sem ti não há o cantarolar que já fazia parte de mim.
Sem ti não há o banco de jardim,
Nem o final de tarde.

Sem ti o “nós” é vago e perde o sentido.
Sem ti o “nós” é solidão e caminho perdido.
Sem ti o “nós” é apenas um “eu” recordando
Sem ti não existe a doce ressonância do “Olá!”.
E o único “Adeus!” que ainda perdura
È apenas um mero eco da recordação…

“Adeus!”…
Foi isto que disseste quando te levantaste do banco de jardim,
Olhaste os meus olhos e despiste-me a alma
(Sempre foste a única a fazê-lo,
Ao olhar-me nos olhos,
E de alguma maneira e sem porquê;
A olhar-me a alma.)
Deste-me um beijo nos lábios e voltaste a dizê-lo:
“Adeus!”…

Viraste as costas e a esquina do jardim…
Ainda vi os teus cabelos pairando sobre os arbustos,
E então desapareceste!
Algo em mim sabia que algo fora esquecido.
Algo ficou por olhar, por beijar, por recordar,
Ou talvez por dizer…

O dia seguinte brotou e o sol beijou-me a cara
E lá estava eu esperando o teu beijo de bom-dia no banco de jardim…
A espera foi longa, e sol foi embora.
O bom-dia não veio nem o teu beijo nos meus lábios
Lembrei o teu olhar e as tuas palavras:
“Até amanhã!”…
Agora sei o que ficou por dizer!
Naquele banco onde ainda te espero
Apenas para te dizer o que foi esquecido:


..."Adeus!"...

02/04/2009

Um dia virás!





Sei que virás!
Um dia virás!
Quando virás?
Algures no tempo;
Nunca o saberei…
Mas um dia virás.
Sei que virás!
Porque desde o dia em que nasci,
Que tenho aguardado sentado
Diante da porta que conduz ao meu coração
Esperando sempre por ti.
Esperando que tragas a outra chave
Que abre as portas do meu coração
À quente e doce Felicidade!
Sei que virás!
Um dia virás!

Sei que virás!
Porque tu sabes que algures
No mundo tão desconhecido,
Alguém espera por ti!
(E são tantas, tantas, as pessoas
Que no mundo lá fora,
Esperam alguém para amar!
Numa interminável busca,
Por um sorriso nos lábios,
Ou pela palavra felicidade
Numa carta de amor,
Ou num beijo de despedida.)


Sei que virás!
Um dia virás!
Porque também tu
Estás algures no mundo,
Com a face gelada ao vento
Procurando alguém.
Talvez tu sem saber,
Procures por mim
Assim como eu procuro por ti!
Provavelmente o destino,
Senhor todo-poderoso
Dos caminhos humanos,
Ainda não nos queira cruzar os caminhos
Talvez o destino,
Mestre incontornável do tempo
Queira ensinar-nos
A amar primeiro de uma forma errada
Para quando juntos finalmente
Possamos amar-nos eternamente bem…

Sei que virás!
Um dia virás!
Espero que venhas um dia,
Porque senão foi em vão,
Toda esta vida
Diante de uma porta
Olhando um relógio parado
Numa parede vazia
Esperando alguém sem rosto
Sei que virás!
Um dia tu virás!
E eu serei feliz…

Eu sei que virás!
Sei,
Porque é essa a minha esperança;
A esperança;
De quem quer viver mais um dia!

Alzheimer…

“Quem sou?”
Não sei!
Só tu sabes quem sou…
Apenas tu sabes quem sou!
Porque se tu não o soubesses;
Ninguém mais o saberia.
Se tu não soubesses;
O mundo inteiro ter-me-ia por incógnita…

“Quem sou?”
Tu sabe-lo!
Tu sabes quem sou!
Sabes por está nas tuas lágrimas,
No teu esforço,
No teu suor,
Em toda a tua dor,
E em todas a outras coisas que te compõem
E que fazem de ti um ser…
E sobretudo;
Nesse teu enorme coração…

Tu sabes quem sou!
Porque se tu não soubesses;
O mundo inteiro não saberia!
Eu não saberia
E nem sequer existiria!

Perguntas-me:
“Quem és?!”
Tu sabes quem sou!...
Eu sei que tu sabes!
Porque se tu não soubesses;
Quem mais saberia?

01/04/2009

“Despedida de Julieta a Romeu”

Que este frio punhal
Cravado sobre meu peito
Eternamente me corrompa
Este estranho corpo que aqui deixo
E que me esventrei a entranhas.
Mas que jamais no tempo e no espaço
Este punhal com que desfaço meu coração
Me apodreça a alma eterna minha.
Porque em outras vidas na distância das eras
Que me lembre eu da tua face
Dos teus gestos e das tuas carícias.
Que o destino todo-poderoso
Nos separe vezes sem conta;
E que nós,
Num acaso desse mesmo destino
Unamos nossas mãos e nossos lábios.
E outrora perdidos nos encontremos
No fôlego de mil beijos de amor proibidos…

Novamente juntos voltaremos então;
À cama de lençóis brancos
Ainda quente de nossos desejos.
E cumpridos os dois seremos um
Pois na memória do mundo
Que sabendo sem saber
Nos proibiu e eternizou na palavra amor,
Seremos relembrados;
Culpados e julgados;
De um dia por acaso do destino
Termos inventado no amor;
A palavra Eternidade…