29/05/2009

Um vestido vermelho…





Foi apenas o que deixaste…
Um vestido vermelho
Onde não estás.
Conto as horas
Mas a morte teima em nunca me chegar.
Recordo o teu rosto em todas as molduras vazias
Olho o pôr-do-sol e pergunto porquê.
Deste-me a razão de viver,
E agora não estás
E eu perdi-me!
Tão bela que estavas
Naquele momento
Em que dissemos sim à eternidade!
Esfrego as lágrimas ao vestido
E perco o caminho,
Sem ti não sei contar os dias
Pois já nada mais importa…
Onde estás que eu não te encontro?

Nunca dissemos adeus!
Nunca realizamos os sonhos!
Nunca fomos um apenas!
Nunca mais voltaste…
Mas também eu sei;
Nunca partistes!
As flores nada agora significam…
Não voltarás nunca!
Venha a morte e nos una!
Venha morte e nos faça eternos um do outro!

Apenas um vestido vermelho!
E a palavra: “Amo-te!”
Foi apenas isso que me deixaste!
No dia em que nos meus braços,
Morreste sem honra;
E sem dizer: “Adeus!”
Adeus meu amor
Que amanhã estaremos juntos!
Como assim fomos destinados:
Para Sempre!

28/05/2009

A maldição dos Mil mundos







Foste amaldiçoado
E tu sabe-lo!
Foste amaldiçoado no dia
Em que pela primeira vez
Fizeste a tua voz soar neste mundo
O dia em que inocentemente nasceste!

Cada vez que respiras
Sabes respirar uma maldição
Imperdoável…
Caminhas dentro de ti mesmo
Sobre esse doloroso fardo
De nunca seres tu próprio;
O fardo de ir vivendo os dias condenados;
Condenado e só!

Pintas o contorno da tua sombra
Numa fria parede branca
E pintas uma porta.
Beijas a sombra
E desfazes-te do teu corpo
Caminhas em ti mesmo
E em mil mundos.
Caminhas e transbordas
Portas e portas e portas
Tantas quanto o teu olhar alcança…
Deste-lhes o nome de mundos paralelos
Paralelos ao mundo metafísico
E ao mundo onde te abandonaste.
Onde um dia cresceste
Pensando ser “feliz”…

Metes as mãos à cabeça
E arrancas os sonhos
Um por um todos caem à tua frente
E apercebeste da tua crua realidade
A realidade de ser careca,
Neste mundo de espelhos
Mil e uma bocas riem-se de ti!
Caras sem feição…
As cabeças que ostentam as bocas
São feitas de folhas de papel.
Desenhos de caras surgem
São os que amas…
Os que sempre amaste riem-se de ti!

O peito bate forte,
O chão desaparece
E num grito de criança
Sobes ou cais ao vazio!
O infinito parece ainda mais incalculável.
A queda ou a subida,
(Porque estás no vazio)
Vão arrancando pedaços de ti
Mas sabes não ser tu!
O teu rosto está impresso
Numa folha de papel
E ostenta um sorriso!
Ris-te de ti próprio…
Do fracasso de nunca atingiste
Pois até o fracasso
Está além dos teus limites

O espelho parte-se ao longe
E uma balada soa na tua cabeça
Tambores rugem
Ao vento que não existe.
Os tambores do fim
Anunciam o inicio…
Ouves alguém chorar,
Vês a pedra fria
E tem o teu nome.
Um buraco…
Lamentas ser careca
E nunca teres tido sonhos
Para lamentar nesta derradeira hora…

A terra cai sobre ti
E ouves murmurar
São as vozes das recordações
Abres os olhos
E o vento finge bater-te na cara.
Tens cabelo mas já não és tu.
Estás debruçado
Tudo é escuro
Menos o monte de terra
Onde estás sentado…
Estás sentado sobre a terra
Que engoliu o teu corpo
Tens flores na campa…
São as flores
De quem agora te ama…

26/05/2009

Quem me irá amar hoje?

Em mim existe um monstro,
Monstro cruel sedento de raiva e ódio
Existe um monstro que vive só
Num mundo que eu criei.
Sinto-me transfigurado em mim próprio
Na quente febre de me matar
As horas e o tic-tac do relógio
Despontam-me para o mundo real
Tudo é tão turvo e cinzento
Os dias são escuros e sem graça
Esqueço o sabor do pão.
O fugir da água pela garganta
O cantar dos pássaros
E a suavidade do vento
Batendo na cara levemente.
O mundo está podre!
O mundo inteiro é cego e demente
No desejo de raiva e sangue.
Aqui têm o meu
A pulsar-me nas veias
Dos meus braços abertos!
Aqui me têm a mim
Pronto para a derradeira batalha
Em que me irei render sem luta…
Serei engolido pela escuridão
E só as sombras se lembrarão de mim
E só a noite me murmurará
Em segredo nas esquinas
Da cidade onde nunca vivi.

Em mim existe um monstro
Perdido e escondido num labirinto
Feito das contradições do meu cérebro.
Está morto ou adormecido este monstro
Talvez com medo do mundo…
Pois em mim há um monstro!
E no mundo lá fora,
Na paz ou na guerra;
Na lágrima ou no sorriso de uma criança;
Há também um monstro!
Há Um em Todos nós!

25/05/2009

Há muito tempo que não te vejo…





Há muito tempo que não te vejo…
Desde o dia em não deixaste aquela carta
Em que dizes nunca ir embora
Como um dia prometemos um ao outro.
Mas ambos sabemos que as promessas
São vagas palavras enlaçadas no vento.
Onde estás meu amor?
Procuro por ti incansavelmente!
Procuro-te nos lugares em que nos amámos;
Os lugares que amámos,
E que nos amaram a nós.
Aqueles lugares que nos habituamos a ver
E que se habituaram a ver-nos a nós;
E ao pôr-do-sol e aos nossos beijos
E ao nosso amor jovial…
Procuro-te no banco do jardim de flores
Onde te vi pela primeira vez
Arrancando as tuas lágrimas de uma flor.
Era um malmequer com pétalas brancas
Parecia o sol que te raiava o cabelo.
Estavas tão bela e calma
Nessa manhã nublada em que o sol espreitava;
Mas com um olhar tão profundo e triste.
Como te poderia ficar indiferente?
Sento-me no triste banco onde não estás.
Está fria e molhada a madeira
É feita da minha alma e de memórias…

Foi nesse banco frio e triste,
Que vim apanhar a lágrima que deixaste no chão
Olhaste meigamente para mim e limpaste as lágrimas.
(Jamais esquecerei esse teu primeiro olhar!)
(Ainda hoje não o consigo decifrar)
(Tão profundo e doce)
(Tão belo e puro!)
Sorri para ti e deitei-te um beijo ao ar;
Achaste graça o meu jeito desajeitado
E contemplaste-me com um magnífico sorriso.
O primeiro de muitos que te roubei
E que depois te devolvi como sendo meus…
Nesse dia trocamos também a primeira palavra;
Ironicamente essa palavra foi um: – Porquê?
Contaste-me a tua história e logo respondi
“Ama quem deve ser amado!”
Dias depois encontrámo-nos nesse mesmo banco;
Debaixo do mesmo sol de sorriso aberto
Trocámos os primeiros olhares sem lágrimas
Por entre eles surgiram as primeiras carícias
Os primeiros abraços e gestos de silêncio,
E no silêncio fecharam-se as pálpebras;
Agarram-se as mãos,
Escaparam-se sentimentos por entre os olhos
E humedeceram-se os lábios um no outro
Selando um beijo que não era dado à séculos…

Vagueio na estrada de alcatrão à tua procura
Vem-me à memória as corridas que fazíamos
Parecíamos crianças brincando com a sua inocência!
Mas nós apenas brincávamos com o nosso amor:
E tão inocente e sem maldade era o nosso amor!
Surgiu na esquina o antigo prédio
Tão robusto mas tão cheio de memórias e amor
Fomos nós que lá deixámos as memórias e o amor.
Ainda estão gravadas na parede velha as nossas palavras:
“Amar-te-ei amanhã também, e todo o sempre”
Encosto-me à parede e abraço o vento;
Cerro os lábios por causa do frio.
Abraço mais forte e sinto os teus cabelos,
A tua respiração no meu peito,
E a tua testa sobre o meu queixo…
Olho o céu e a noite está clara;
Cheia de estrelas, e com uma lua parecida com o teu olhar
Como tu amavas as noites assim!
Como tu amavas a lua tua gémea!
Como tu amavas as brilhantes estrelas no céu negro!
(Como tu me amavas a mim nessas noites!)
E ficávamos assim até irmos embora,
Em longos longos silêncios
Nas longas longas noites de silêncio…

Quando partiste tu e me deixaste só
Desamparado e sem ninguém para abraçar
E falar em longos longos silêncios
Nas longas longas noites em que amavas?
Entro em casa.
O dia está chuvoso e frio
Assim como o espaço vazio que me deixaste no coração
Entro no quarto e não está lá ninguém;
Ainda me lembro daquele dia, também ele chuvoso
Em que de rompante entramos no meu quarto
E caímos na cama mole.
Depressa voaram as roupas para o chão,
Os beijos nus voaram pelos corpos
E passamos a longa longa noite
Em longos longos momentos loucos de silêncio…
Eu contemplei-te, tu contemplaste-me
Deixámos os caminhos incertos
E unimo-nos num só caminhar.
Foi nesse momento que descobri a razão do viver até agora.
Foi nesse dia que me achei homem finalmente.
Deixámos o mundo inteiro de lado
E decidimos viver o nosso próprio mundo…
Apenas eu!Apenas tu!
Apenas nós!
E o céu triste e sem estrelas
Fez aparecer as estrelas só para nós
E junto a um dos teu muitos sorrisos
Surgiu a lua por entre as nuvens
Eu, tu, nós;
A lua, as estrelas e um mundo inteiro só nosso!

Os lençóis ainda têm o teu cheiro!
A almofada ainda encerra o teu sorriso!
Parece que a cama ainda está quente,
Afinal ainda ontem cá estavas
Bem ao meu lado contagiando-me
Com esse teu longo longo sorriso de sol…
O vazio quarto, tu não estás!
O teu sorriso, os lençóis
O teu cheiro, a almofada
O teu cheiro, o teu corpo, o teu doce sorriso
Chove novamente!
A chuva cai, e as minhas lágrimas, e chuva cai…
A luz vai esvanecendo, os olhos divagando fechando, a luz apagando…
Um trovão!
Bate forte na cabeça e no coração
O inesperado trovão!
Acordo em sobresalto,
Não estás!
Um sussurro trás a tua voz ao meu ouvido
Gentil e meiga a tua voz!
“O que se passa amor?”
“Nada, apenas amar-te-ei amanhã também, e todo o sempre!
Nada mais se ouve agora para além da chuva…
As roupas no chão, os teus cabelos no peito
A tua respiração na minha cara,
Tudo está igual…
Nada mudou, tudo igual!
“Dorme meu amor,
Amanhã estarei do teu lado…”

E adormeci na certeza de estares ao meu lado…

22/05/2009

Lá longe!





O mar
É o mar que me trespassa o coração
Essa infinidade que não me deixa amar

É a distância
É a distância que me arrasa o ser
Essa longitude que não me deixa sentir

O mar e a distância comungam contra o amor
Pois, lá longe sem eu saber;
O teu olhar procura o meu
E o meu procura o teu…

Mas é lá longe;
Não aqui!
É lá longe.
Lá longe da rua ao lado,
Lá longe da cidade vizinha,
Lá longe do país de fronteira,
Lá longe do mar.
Lá longe, bem longe!
Além de tudo o que a vista alcança!

Além de tudo o que sinto…
É aí que estás
Em cima do mundo
Ao pé desse arco-íris
Chamado de felicidade.
É aí que quero estar
Bem ao teu lado
Não longe, lá longe de ti!
Mas bem perto, bem perto de nós
Apertando no peito
A nossa calorosa
Doce história de amor.
Que resistiu ao tempo,
À distância,
E ao mar…
Para se realizar assim:
Eterna!

21/05/2009

Além do Arco-íris…

Além do arco-íris
Há a vida inteira à espera
Há uma porta sempre aberta
Por entre um caminho de nuvens
Onde os sonhos se desfazem
E se tornam realidade…
Além do arco-íris
Há sempre alguém que nos ama.
Desfaço as estrelas na minha mão
Sopro mil pedaços de desejos
E sei que voarão…

Além do arco-íris
Há o mundo imenso para descobrir
Há a realidade destorcida num sorriso
Se voar na luz
Sei que vou encontrar quem amo…
Além do arco-íris
Há tudo o que conheço!

20/05/2009

Amar...





Desejo sentir o rubor dos teus lábios...
Desejo percorrer todos os pontos do teu corpo
Com as minhas mãos sedentas do teu calor...
Desejo ver-te e dizer-te mais que um olá
Poder olhar-te nos olhos beijar os teus eternos lábios...
Seguidamente percorrer com os meus lábios ainda insaciáveis
A tua cara, pescoço, e mãos...
Deixar-te louca e sedenta de amor...
Só irei parar quando conhecer todo o teu corpo
Na inocência de um bebé...
Anseio contigo viver uma história breve e fugaz,
Cometer loucuras e beijar-te.
Desejo percorrer-te as curvas
Enquanto desfruto da inocência do teu beijo...
Desejo sentir a tua pele molhada no meu corpo
Ansiando pelo toque das tuas mãos no meu peito.
Cobiço o toque da tua mão suave...
Anseio que a tua mão ocupe toda a minha cara e me empurre para baixo,
Para a loucura!
Que me faça despertar o meu olhar...
Acordar e ver o teu corpo por inteiro
Desejo perder-me no teu olhar,
E ser encontrado na humidade dos teus lábios...
Desejo sentir os fios do teu cabelo
Por cima da minha cara, pescoço e tudo mais que desejes...
Apelo todos os dias à saudade
Que me deixe mais uma vez sentir a pureza da tua mão
E ter-te em mim e deixar-te à beira da loucura
E dizer amo-te!
Nada mais importará...
Diz-me...
Promete-me...
Beija-me...
Olha-me e exclama que simplesmente que me amas.
Que me queres todo teu!
E nada mais para mim importará
Apenas restará o passar das horas...
Diz-me que o que sentes é amor e desejo
E a noite irá cumprir-nos como amantes
E os gemidos selaram este desejo de ser
Um só!
No fulgor da transpiração
Depois de uma noite louca…
Amor!

15/05/2009

Saudades?

Saudades?
Se sentirei saudades?
Sentirei hoje, amanhã e depois;
E talvez para sempre!
Pois todos sentimos saudades.
Saudades dos lugares que amamos
De quem amamos.
Sentimos saudades dos lugares
[e das pessoas que fizeram parte de nós.
Onde deixamos um pouco de nós,
E que deixaram um pouco em nós.

Tentamos esbater as saudades
Colocando uma moldura num lugar especial
Ou olhando o céu procurando as estrelas
Para saber um pouco de quem ou do que recordamos.
E o passar das horas e dos dias
Irá cobrir a saudade com o pó
Porque o pó é uma infinidade do tempo
E é feito de memórias que jamais esqueceremos
Que fica por ai entre as coisas que amamos
Ou que alguém amou por nós…
E ao passar os dedos por essas memórias perdidas
(Ou pelo pó do esquecimento relembrado!)
É que parecemos notar a falta
Dos lugares e das pessoas que continuaremos sempre a amar.

Podemos, ou não visitar os lugares
Podemos, ou não visitar as pessoas
Pois sabemos sempre onde estão!
Naquele lugar especial em que guardamos tudo;
Aquela bomba que pulsa vida com memórias
Que decidimos apelidar de coração…

13/05/2009

Are you the saviour?




Are you the saviour?
Deeps
Dark
Smoke
All flames!
Screams, and cry...

Are you the saviour?
Gun
Angry
Steal
Shoot
And death...

Are you the saviour?
My story
Airplanes
Towers
Massive destruction
God...

Are you the saviour?
Hiding Shadows
Climbing the mountain to heaven
Remorse
Pain
No face
Eternal suffering
No memory
No earth
Dark souls!

Murderous!
They call us!
(Murderous! Murderous! Murderous! Murderous! Murderous! Murderous!)
Murderous voices!

Are you the saviour?

Please,
SɅ˅Ʃ-Us!

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10/05/2009

Partiste mas nunca de mim…




Do mundo partiste
Mas de mim nunca saíste.
Dois anos já se passaram desde que foste
Mas tudo continua tão igual
As dúvidas, os tormentos, o medo da noite…
Tudo!
A revolta é maior e saudade ainda mais
Partiste e em mim deixaste um coração vazio
Tudo á minha volta se desmoronou
E mundo já não faz sentido,
Vou aprendendo a crescer
Mas ainda preciso de colo
E das lições que davas no olhar
Preciso apenas de ouvir a tua voz
Profunda e sabida do mundo
E de como enfrentar a vida
Preciso dos seus conselhos pois vida
Está cada vez mais louca e difícil…
Os dias negros assolam-me e eu sinto a tua falta

Nunca imaginei a tua partida
Mas agora acordei
E destapei os lençóis que me cobriam
E descobri que não estás…
Quando olho para a cama onde só está a minha mãe
Sinto falta de outro beijo de boa noite.
Olho a garagem e carro vermelho está parado
Tão triste aquela máquina pela qual lutaste
Com o suor do teu trabalho…
O silêncio do motor é aconchegante
Passo os dedos pelo pó e lamento
A lágrima cai e o vermelho brilha como sangue.
Olhos as estrelas
Parecem milhões de olhos
E tento encontrar os teus…

Onde estás?
Partiste mas nunca de mim…
Partiste para onde?
Onde meu pai,
Que as palavras e lágrimas que aqui derramo
Cheguem a ti eternamente!

Desculpa todos os erros que ainda cometo!
Amo-te!

06/05/2009

“A morte passou por mim…”





A morte passou por mim
E deixou uma cicatriz no meu coração.
Deixou-me uma cicatriz no coração
A morte que por mim passou...

Passou por mim e não teve pena
Passou e arrancou o meu juízo
Passou por mim e deixou a destruição
Passou de repente e nem me olhou

A morte passou em mim
E ninguém se apercebeu
Ninguém se apercebeu
Mas a morte passou em mim

A morte passou por mim e em mim
E a minha cara começou a sorrir
A morte olhou-me em soslaio
E andei em frente no céu
E comecei a ser eu mesmo
E eu fiquei feliz…

Um anjo parou à minha frente e perguntou:
“Quem és?”…
Perguntou e ninguém se apercebeu
E eu continuei sorrindo
E morte continuou olhando-me de soslaio
E eu continuei andando no céu
E eu continuei a ser eu mesmo
E eu continuei feliz…

O anjo que parou à minha frente
Tocou-me e eu desfiz-me em mil pedaços
E alguém se apercebeu
E eu deixei de sorrir
E a morte deixou de me olhar em soslaio
E eu deixei de andar no céu
E eu deixei de ser eu mesmo
E eu deixei de ser feliz…
E de mim saiu o pó dos anos!

04/05/2009

(As estrelas que ficaram por beijar!)





Foquei os meus sentidos em ti
Sei que estavas lá algures
Ou ainda estás!
Perco o tempo o espaço
E tudo aquilo que conheço
E tudo aquilo para que vivo!
Procuro-te na multidão
Que vai atravessando a cidade
Numa agitação total…
Não estás!
Nunca estiveste nestes anos todos
Anos inteiros numa incessante procura
O que procuro?
É sempre essa a pergunta…
Procuro-te a ti meu amor.
Na sorridente memória que tive de ti.
Eu era criança
E vi-te partir na multidão
Eras uma mulher linda
Como nunca na vida vi.
Só agora percebo
Que a tua imagem
Já vaga e distante em mim,
Era uma recordação de ti
De como eras antes
Na noite em que te conheci
Numa vida anterior a esta.
A noite tinha uma lua cheia
E tudo era belo e agradável…
O céu era negro
E transportava estrelas brilhantes
Prometemos diante do mar
Até ao fim da nossa vida
“Por cada estrela um beijo!”
(Quem diria que a vida seria tão curta!)
E quem diria que esse mesmo mar
Onde prometemos eternizar a nossa vida
Te iria roubar de mim?
Vim à tona e procurei-te
Fui ao fundo e não te encontrei
Desci ainda mais fundo na vida
Pouco tempo também eu viajava
No mundo como um espectro
Ouvi na rádio o meu suicídio,
O país todo ouviu…
Vim para outra vida
E só agora e recordo.
Agora entendo o medo do mar…
O medo da perda…

Às vezes,
Em noites de lua cheia;
Olho o céu as estrelas
Algumas estrelas brilham
Foi as estrelas que beijamos
Outras mais tristes,
Sem brilho,
Tentam sorrir aos mortais…
Foram essas as tais
As estrelas que ficaram por beijar…

03/05/2009

100 Anos de Amor





Ter-te em mim ternamente
Jurar lealdade e amar-te
Assim eternamente…
Somos prisioneiros em coração de ouro;
“Culpados de inventar a liberdade.”
A liberdade de um gesto de carinho,
A liberdade de olhar o mundo,
A liberdade de amar,
A liberdade de um grito irrompido noite dentro…
Seremos nós de muito
Que em nós veremos crescer!
E quando já velhos apenas nós
Nos for faltando o ouro nos dias cruéis,
Ter-nos-emos um ao outro
E apenas o coração.

Juntos iremos então lembrar
Tudo aquilo que agora é de outrora.
Saberemos assim cumprida a promessa
Amámo-nos!
Respeitámo-nos!
Na saúde e na doença,
Na alegria e na tristeza,
Na riqueza e na pobreza…
Unidos trocaremos os últimos beijos
A últimas carícias,
E por fim as últimas palavras de amor…
A hora chegará e o saberemos;
E diremos o derradeiro “Adeus!”.
“Adeus!” ao mundo,
Mas nunca um ao outro!
Pois a morta juíza
E carrasco dos mortais
Levar-nos-á aos dois
Para onde nos possamos talvez
Amar-nos para todo o sempre!

Pois o corpo morre
Mas o amor é imortal
E dura para sempre!