05/07/2009

Lost Control


A vida traiu-me mais uma vez.

Aceito que há coisas que nunca mudarão…

Perdi-me nos meus sonhos sem tempo
Dignifiquei a minha agonia
E fiquei sem sentido para viver
Sobrou-me apenas o vazio
Que jamais conseguirei ver…
Porta atrás de porta penetrando em mim
E assim fiquei perdido em mundos sobre mundos…

Eu perdi o controlo!
Porta atrás de porta
Constantemente tentando abrir a porta certa
Tentando em vão achar as repostas
Para perguntas que nunca se fizeram…

Aceito que há coisas que nunca mudarão…

A busca por mim é vaga e já sem sentido
Chamo por mim e ninguém responde…
Chamo por mim e apenas a morte me escuta
Abre-se a porta e logo surgem milhares de caminhos
Por onde seguir, a pergunta entrepõem-se…

Estou perdido e a loucura envolve-me
As sombras chamam por mim e eu sei que é hora de ir…
Perdi o controlo!

04/07/2009

Poema de um ninguém com Paralisia Cerebral


Encerrado num corpo velho e já sem vida
Contam-se a horas minuciosamente
Vê-se a vida escoar por entre os dedos
Que não conseguem mexer.
As lágrimas que não caiem
E a dor;
Essa que é pura
Como a fé que já se perde…

A esperança torna-se vaga;
E vai sendo consumida pela batalha dos anos vazios
A vida passa como se fosse eternidade…
Ano sobre ano e tudo é estanque!

A raça humana tem dois extremos:
Nascer perfeito,
Ou nem sequer imaginar nascer!
Olhando de um casulo a que apelidamos de: corpo
Vemos quem nos ama,
Ser gasto pelo tempo incorruptível
E enquanto cuida de nós
Rasga no rosto um sorriso vago,
Enquanto nos olhos se cai a esperança.
A vaga esperança depositada
No gesto que demora em chegar…

Olhos nos olhos e lê-se o desespero sair!
Olhos nos olhos e lê-se o medo penetrar!
O sorriso perdura estampado,
Como um candeeiro que nunca apaga
Num universo longínquo e escuro...
O obrigado não sai e as palavras ressoam na cabeça:
“Os médicos dizem que um dia irás falar…”
Anseia-se a chegada dos dias seguintes;
Pois a memórias começa a falhar,
E esqueces que as batalhas são diárias;

Tic-tac, tic-tac…
E relógio passa os segundos com sabor a anos.
Tic-tac, tic-tac…
Cai a esperança com a mente.
Tic-tac, tic-tac…
E no dia de falar diz-se: Obrigado!
Tic-tac, tic-tac…
E o dia de morrer
Passa mais breve que a vida;
De quem vendo o relógio andar, sofreu parado…
Tic-tac, tic-tac, tic-tac…tic-tac!
"Eles riem-se de mim por ser diferente,
eu rio-me deles porque são todos iguais"

Por: Kurt Cobain

01/07/2009

The lonely man (O homem Solitário)


Andando numa estrada de nada
Caminhando ao lado de ninguém
Vai o homem solitário…

Vagarosos são os seus passos
Arrastando solidão
Mergulhando na escuridão
Desfaz-se o ser incompleto.
Nada teme nada há para temer…
Nada perde nada há para perder…

Dizem que na sua existência;
O Homem apenas procura uma coisa:
Dar amor e ser amado!
Mas como se dá amor,
Se ninguém o receberá?
Como recebe amor,
Alguém que não se sabe existir?

É o homem solitário que ali passa
E ninguém o vê!
É o homem que passa no vazio
Sem ninguém o saber!

Cada passo cuidadosamente estudado.
Cada que a alma interpõem
Com a incerteza de se viver;
Com medo do vazio,
Pois um passo em falso
E acaba-se o que não se começou:
A vida!

Caminhando lado a lado de quem ama
Passos entre passos e passa despercebido…
Nunca ninguém o viu,
Nunca ninguém o vê,
E ninguém o verá!
Manchado de tinta invisível,
Como é possível alguém o ver?
Passa nas sombras lá longe de o não ser
E a fim de contas tão perto de o ser!

Passo a passo vê quem ama,
E deseja ser.
Mas é o homem solitário
Que passa na estrada da solidão,
Caminhando na réstia de esperança;
Que não lhe consumiram do coração…

Núcleos gémeos...


Onde estás?
Sei que está por aqui algures!
Sei que está na escuridão algures a chorar
Sinto-te em mim,
E tu sentes-me!
Sabes que procuro por ti,
Sabes que te irei procurar e foges,
Foges pois sabes que tenho de te eliminar…
És fraco! FRACO!!!

Não passas de um cobarde!
Um cobarde que foge da realidade;
Foi assim que me criaste,
No teu mundo de sofrer
No medo que tens de viver a realidade…
Estás encolhido a um canto,
Debruçado sobre as tuas memórias,
Sobre os teus medos
Tentas encontrar as repostas em vão
Pois nem sabes quais são as questões!

Passas perdido,
Despercebido entre aqueles que dizes amarem-te
Mas ninguém te ama!
Todos te odeiam!
Todos!
Até mesmo os que partiram
Até os que choraste te odiavam!
Todos eles!
Estás só e perdido!
Um tolo pensando em vitória;
Os Vitoriosos;
São Aqueles que aprenderam a batalhar!
Mas tu;
Cheio de medo foges que nem cobarde!
Foge, foge que a dor arde!

Foge como fugiste a vida inteira!
Foge para longe deste teu corpo…
Foge que agora não serás mais tu;
Agora serei eu tu!

Escondido sobre as sombras de um espelho
Choras por nada seres,
Por estares divido em ti;
Dividido em mil e um seres…
Dividido em mil e um mundos…
Nada do que foste serás agora
Nenhum dos sorrisos de outrora virá hoje
E possivelmente amanhã também não…
Foi o destino que marcou assim;
Noventa por cento negro
Dez por cento de irrealidade.

O mestre dos mil e um mundos sem luz.
É o fardo que carregas sobre o peso do teu corpo
Trespassado mil e uma vezes
Por palavras que tu próprio manipulaste;
E que por mil mundos espalhaste …
Abres a porta,
E escolhes em que mundo entrar,
E depois perdeste mais mil vezes,
Para regressares uma última vez
E te encontrares a ti próprio deitado na cama
Já sem vontade de viver…

Mil e um mundos sem luz
Inventados para não sofrer
Mil e um mundos sem luz
Inventados para fugir da realidade.

Mestre de mil e um mundos sem luz
E para quê?
Apenas:
Para ser aprendiz no mundo da realidade…

Um barco no cais...


Tornaste-te tão distante… Mas quando foi que isso aconteceu? Tento pensar e não consigo, os pensamentos e as memórias juntam-se num emaranhado de sentimentos, sentimentos esses que me pesam no coração como mil toneladas de aço.
Quando deixamos de nos olhar? Quando deixámos a distância entrepor-se entre nós? Quando deixamos de dirigir-nos um ao outro com amor e passamo-nos a tratar um ou outro com amargura? Quando? Quando aconteceu tudo isso que eu nunca quis? Quando começamos a ser estranhos um ao outro?
Ainda me lembro daquele dia de nevoeiro em que te conheci. Foi ao pé do porto marítimo de Lisboa, em Belém, ao pé daquela antiga estátua que homenageia os heróis dos descobrimentos portugueses… aquele lugar de onde partiram os sonhos e regressaram promessas…
Era de manhã e sol espreitava tímido, aproximei-me do cais e sentei-me na encosta de pedra… Olhaste para mim mas fui-te indiferente… Olhavas para lá do horizonte procurando algo, senti-me tão estranho, ainda hoje me sinto olhando esse horizonte todo! Tão imenso e inalcançável! (Só hoje sei que horizonte; é sinónimo para felicidade…)
Olhei-te de soslaio, e tive o mais belo ou mais ridículo impulso que jamais tive. Abri a mala e de um caderno rasguei uma folha de papel; fiz um barco, tão pequeno o barco e tão grande o rio que desaba no mar! Deixei o barco no mar e vento levou-o na tua direcção, reparaste no barco e delicadamente tiraste-o da água… Olhaste para o barco espantadamente e começaste a virar a cabeça de um lado para o outro, para ver de onde vinha o barco; provavelmente esperavas que o barco pertencente a um pequeno menino qualquer a chorar, que havia deixado escapar o barco sem querer enquanto passeava com a mãe de mão dada. Foi então que reparaste em mim de caderno no colo ainda com a marca da folha rasgada…
Sorriste… Sorriste e então o meu barco sem porto, descobriu por fim o farol, e consequentemente; o caminho para terra… Olhaste mais uma vez para o barco de papel e reparaste que tinha um nome; talvez das coisas idiotas que jamais escrevi… O barco tinha este nome: “Queres ir beber um café? Eu pago!”… Sorriste então mais uma vez… Um sorriso puro e desperto de alegria; um sorriso que me fez “querer-te” ainda mais!
Aceitaste então o meu pedido… Bebemos o café e conversamos então… A meio da conversa a minha curiosidade falou mais alto e perguntei-te o: Porquê? Porquê aquele olhar distante? O: Porquê de olhares para o horizonte?
Respondeste-me imediatamente tão calma e serenamente que olhavas o mar… “O mar roubou-me quem mais amava… O meu pai e a minha mãe partiram com o mar, o mar encantou-os e levou-os de mim para sempre… Então desde há um ano para cá, tenho sempre vindo para Belém, de onde eles partiram numa viagem de barco, procurando as repostas do porquê o destino mos ter tirado eternamente? Porquê a mim?”
Quando o acabaste de o dizer peguei na mão e disse que eu também perdi o meu pai quando menos esperava e que a surpresa da sua morte ainda hoje me fazia adormecer mais tardiamente… depois de muitos “Porquês?” também eu hoje compreendo a razão! “É assim a vida!”
Olhei então nos teus belos olhos azuis e disse-te também calma e serenamente... “A vida é como o mar, assim como as ondas do mar que embalam a praia, consomem as pedras mas deixam sempre conchas; a vida por vezes também é como as ondas do mar; tira-nos quem amamos, mas deixa-nos sempre algo para não deixar a esperança morrer…”
Olhei mais uma vez nos teus olhos de profundo azul e vi uma lágrima ser solta por entre eles e correr-te a face; limpei-a suavemente com o dedo e senti a tua respiração mais perto… Selaram-se os nossos lábios e despertaram-se os sentidos…Ouvimos o mar ao longe, ouvimos as estrelas cochichar no céu…E de mão no peito sentimos então o coração um do outro… Como as ondas mar! Tão intensos e pulsantes… Dois corações e um destino…
Dois corações e um destino unidos!
Por um barco no cais…

Fogo-de-artifício


Por minutos foi nosso o mundo,
Foram as nossas emoções que brilharam
E explodiram no céu e nos nossos corações
Foram nossas as emoções do mundo;
Corações palpitantes na explosão dos minutos.
Brilhavam os nossos olhos
Entrelaçavam-se os lábios e realizou-se o mundo
Só nosso que foi o mundo
Nos minutos em que explodiram as nossas emoções
E se entrelaçaram os nossos lábios…

Explodiu mais forte a emoção,
E apercebi-me a divagar.
Mais uma vez o meu mundo
Explodiu também para a realidade
E a imaginação falou mais alto!
Solidão foi o que vi na luz!
As luzes estavam carregadas de sonhos!
Mas a luzes que voavam bem alto lá no céu
Desciam e apagavam afogando-se no mar
E a realidade desperta-me e faz-me pensar:
“Há mundos que foram feitos,
Para permanecer eternamente sem luz;
Há muitos que foram idealizados para conter gelo;
E para jamais sentirem o sol;
Há mundos que foram feitos na escuridão,
Pela escuridão;
E oferecidos ao vazio!”…

Em mim possuo infinitos mundos;
Incontáveis, talvez…
Mas todos eles sonham
E brilham por segundos;
Mas assim como o fogo-de-artifício;
Vão descendo e perdendo o brilho;
Até se afogarem no mar…
No mar vão mergulhando ainda mais;
Descendo no vazio sem fundo;
Porque:
“Há mundos que foram feitos…
Para permanecer eternamente sem luz!”…

Nos meus sonhos...


Nos meus sonhos…


…vens entrando por uma porta mágica.
Vens com um vestido doce azul mar…
Estás maquilhada de forma simples,
Os teus estavam lábios levemente pintados de batom rosa
Tens o cabelo enfeitado de correntes com pérolas de imensidão
O teu suave cabelo escuro
Escuro como a cor dos meus olhos que te decoram
Adornaste o teu cabelo
E trespassaste com o teu olhar o meu coração
Os teus olhos que adornaste de sombras.
Estás tão bela como te imaginei…
…nos meus sonhos…

…vens entrando por uma porta mágica.
É a porta que dá para o mundo real.
Chegas tímida e trazes luz;
Sabia que vinhas!
Tenho cada passo estudado nos meus sonhos
Revivi este momento vezes sem conta,
Milhares de tentativas para que tudo fosse perfeito,
Estendo-te a mão e agarras a perfumada rosa que te dou,
Prende-la firmemente com os dentes
E estendo-te a minha mão e pegas nela com suavidade
Com a suavidade a que me habituei…
…nos meus sonhos…

…vens entrando por uma porta mágica.
Queres dançar e eu sei disso
Quantas vezes nos sonhei dançando,
Dançando o nosso próprio conto de fadas;
Dançando até ao soar das doze badalas...
No meu mundo tudo se transforma
Tudo se vai transformando ao ritmo dos nossos passos
Tudo se transfigura e viajamos pelo mundo
Milhões os locais por onde dançámos
E deixámos um pouco dessa nossa magia
A magia que dançando libertamos…
…nos meus sonhos…

…vens entrando por uma porta mágica.
É a porta que sempre te deixei aberta,
Mas que só hoje decidiste atravessar.
Tenho estado sempre à espera do mágico segundo
Em que os meus olhos encontrariam a tua graciosidade
Enquanto entravas lentamente pela porta deste meu mundo…
O meu mundo fez-se pensando naquilo que mais te agradaria.
Estou à tua espera, vestido de homem,
Com um belo smoking negro como o meu cabelo,
Levanto-me e faço-te uma vénia:
“Bem-vinda minha rainha imaginada!”…
…nos meus sonhos…

…vens entrando por uma porta mágica.
Porque tudo é mágico aqui!
Dançamos ao som de uma música que vem de nós
À medida que nos mexemos criamos vento e música
Uma bela música que nos adorna as feições sorridentes…
Dançamos e criamos vida,
Criamos mil e um lugares inimagináveis;
Bosques, cidades, mares e tudo o que parece inconcebível.
Criamo-nos a nós próprios vezes incontáveis;
E sempre dançado confessamo-nos um aos outro.
Vamos a viver um sonho…
…nos meus sonhos…

…vens entrando por uma porta mágica.
É a porta que fiz para que pudesses entrar
E conhecer este meu mundo;
Que fiz sonhando em ti!
E sonhando fiz e desfiz o meu mundo para que tudo estivesse perfeito;
No dia em que…vens entrando por uma porta mágica.
Estás tão bela como te imaginei…
Com a suavidade a que me habituei…
A magia que dançando libertamos…
“Bem-vinda minha rainha imaginada!”…
Vamos a viver um sonho…
…nos meus sonhos…

Vens entrando por uma porta mágica…
...e selei o momento com um beijo!
Fechando a porta a sete chaves…
…nos meus sonhos…

Escuridão?


Uma casa…
Mundo a fingir
Onde nada magoa,
Porque nada existe…
A escuridão, o que é?
É um lugar onde aprendi a ser eu
Onde aprendi a ver-me;
Vezes sem conta,
Mascarado de tudo
Menos de mim mesmo

Escuridão?
Lugar eterno
Sagrado
Escondido algures no peito
No sitio onde deveria estar o coração…
A escuridão sempre foi para mim
Mil e um braços acolhendo as lágrimas
Que estive disposto a entregar a alguém
Milhares de palavras de conchego
Feitas de imaginação.
Lugar escuro e sem sentido
Margem entre mim e o mundo
Mãe,
Pai,
E família
Escuridão?
O que para mim é a escuridão

Escuridão;
É Passado,
Presente;
E Futuro…
Escuridão é vida e morte
Escuridão, é coração!