15/05/2010

Era uma vez um monstro que amou uma boneca de trapos...

Era uma vez um monstro disfarçado. Fingia, o pobre! Que era príncipe encantado… Correu, correu pelo pátio enfeitiçado O feio monstro que estava amaldiçoado. Correu o monstro que era feito de giz Procurando a princesa iluminada. Procurou pensando em ser feliz Ao encontrar a princesa ainda nem desenhada… Passou ele por mundos em segredo Sempre correndo e já desesperando; Até que finalmente subiu a um rochedo E encontrou a esperança que estava faltando. Ficou então o monstro logo muito contente Ao encontrar o grande castelo. “Lá haverá certamente princesa e gente, Para amar este príncipe que é tão belo!” Aos portões do castelo ele parou E bem alto, gritando exclamou: “− Venham ver este príncipe que agora aqui chegou, Tão belo! Mas que nunca ninguém amou...” Mas no castelo o silêncio reinou; Nada, nem ninguém respondia… Afinal naquele castelo nunca alguém morou; Mas o pobre monstro que nem sabia! Então, destemido, lá foi entrando O grande príncipe tão corajoso. Foi a cada canto espreitando, espreitando; Sem saber daquele segredo misterioso Por fim o triste príncipe lá concluiu: Que não adiantava ter vindo de tão longe além Pois naquele castelo há muito reinava o vazio E nunca morou lá ninguém… Logo o alento do monstro se perdeu Ao perceber que iria ficar sozinho Então a chorar o infeliz monstro correu Até que tropeçou em algo no seu caminho Era uma boneca, coitada muito feia Deixada assim abandonada pelo chão; Ao monstro deixou-lhe uma mão cheia E aquecido o frio coração… A pobre boneca que era de trapo Tinha a boca cozida sempre a sorrir; E o monstro que estava feito farrapo Começou logo a rir! A feia boneca fora então a primeira Que ao triste monstro sorriu. Talvez a única realmente verdadeira Que alguma vez aquele príncipe viu! Sendo princesa ou não! Ao certo, é que o monstro ficou feliz. Pois a boneca que tinha na mão Amou o príncipe que era de giz… (Assim foi a história de amor; Entre o príncipe que era monstro tal E a linda boneca de trapos sem cor… Que se amaram pelo que eram afinal!)