Encolho-me na escuridão
Ponho as mãos na cabeça
E não sei o que pensar.
Chorar, escrever
Gritar, morrer?
O mundo está doente
Eu sei que ele está doente!
A vida está no céu
Presa por um fio sem atrasos…
A morte passa por todos
E ninguém se apercebe.
Ninguém se importa,
“Desde que não me toque!”
Há um rosto escondido nas trevas
E não é de certeza o meu:
É a escuridão
O rosto de uma sociedade
Apelidada moderna.
Já não há mendigos na rua
Muitos mortos pelo pão
Que forçosamente os obrigaram a engolir.
Mas a maioria está escondida
Em becos onde a escuridão os espera;
Porque a escuridão
É um monstro que engole cabeças.
Que engole ideias diferentes.
Diferentes das ideias
Daqueles que tem garfo e faca
Para poderem empanturrar-se
Com sangue que sobra da guerra.
E todos os aplaudem como heróis;
Porque já não há crise
E povo está feliz!
E o que há a fazer?
Lutar contra um sistema sistemático?
Nada há a fazer
E eu penso;
O que há a fazer?
Chorar, escrever;
Gritar, morrer?
Talvez deva cortar a minha cabeça…
(Antes que me a engulam!)
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