"Com uma tal falta de literatura, como há hoje, que pode um homem génio fazer se não converter-se, ele só, em uma literatura? Com uma tal falta de gente coexistível, como há hoje, que pode um homem de sensibilidade fazer se não inventar os seus amigos, ou, quanto menos, os seus companheiros de espírito?" - Fernando António Nogueira Pessoa
06/12/2009
Despedida de Julieta a Romeu
Que este frio punhal
Cravado sobre meu peito
Eternamente me corrompa
Este estranho corpo que aqui deixo
E que me esventrei a entranhas.
Mas que jamais no tempo e no espaço
Este punhal com que desfaço meu coração
Me apodreça a alma eterna minha.
Porque em outras vidas na distância das eras
Que me lembre eu da tua face
Dos teus gestos e das tuas carícias.
Que o destino todo-poderoso
Nos separe vezes sem conta;
E que nós,
Num acaso desse mesmo destino
Unamos nossas mãos e nossos lábios.
E outrora perdidos nos encontremos
No fôlego de mil beijos de amor proibidos…
Novamente juntos voltaremos então;
À cama de lençóis brancos
Ainda quente de nossos desejos.
E cumpridos os dois seremos um
Pois na memória do mundo
Que sabendo sem saber
Nos proibiu e eternizou na palavra amor,
Seremos relembrados;
Culpados e julgados;
De um dia por acaso do destino
Termos inventado no amor;
A palavra Eternidade…
Não mais metades meu Romeu...
Hoje somos meu amor;
Um todo!
Despedida de Romeu a Julieta
Julieta, Julieta, Julieta!
Gritarei eu ao céu
Infinitas vezes o teu nome;
Para que o mundo,
Cego, Surdo e Mudo
Saiba que alguma vez:
Eu Romeu te amei…
E serás sempre e sempre eterna…
A outra metade de mim…
“- Uma maldição sobre ambas as casas!”
Será então amar maldição?
Se é;
Então maldito seja eu
Pois eu amo…
Amo eternamente!
Caia então sobre mim a morte
Me julgue e me condene neste meu fim.
Como te julgou a ti;
Julieta;
A outra metade de mim!…
Sem ti incompleto eu sou.
Apenas um louco fugindo nas sombras;
Como esses a quem chamam poetas!
Pois para mim és sol
Que me ilumina à noite
És estrela que me leva…
Nos sonhos perdidos que eu te dei…
Um último olhar sobre ti.
Continuarás sempre bela…
Pois jamais a morte consumirá a tua beleza.
Parece que a inveja…
E a quer só para si!
Um último beijo nos teus lábios…
Que eterno seja este momento,
Gravado na minha alma…
Adeus Julieta,
A outra metade de mim!
Não serei mais incompleto,
Irei para ti!
O veneno consome-me a razão…
O delírio Julieta!
Parto agora meu amor.
Mas sei que o tempo passará…
E quando se falar em amor;
Será de nós que falarão…
Será de nós!
Pois o amor é assim…
A metade da outra metade!...
E vejo o azul de teus olhos…
05/12/2009
"A Ode Negra"
“Tolo!”
Serás sempre um “tolo”!
Acreditas mesmo que a vida te sorri?
A vida agora sorri-te,
Mas tu não estás feliz…
A vida sorri-te
Mas o sorriso que te mostra é amarelo,
(Há quem o diga vigarista!)
E tem algo de maníaco no olhar…
A vida sorri-te “meu tolo”
Mas nas costas engana-te!
Sofres que nem um doido
Tens essa mania de dar um bocado de ti
A quem amas?
Mas onde estão os que amas?
Onde estão eles por ti?!
“TOLO!!!”
“IDIOTA!”
Vives debaixo do mesmo tecto
E ninguém dá conta que sofres…
Onde está o teu pai?
Não está???
Pobre menino…
“Coitado!”
És um bom fingidor,
Não finges a dor;
Mas finges que não a tens…
Onde estão eles por ti?!
Não estão!
Estás só a chorar… como um tolo fraco…
Choras só pelos recantos do teu quarto
Sem ninguém por ti!
Amor não existe!
Felicidade é ilusão!
Arranco o teu coração
Pois ele é despiste!
“Só me tens a mim… o teu único amigo
Que vive dentro de ti…”
Com muito Amor;
O único que te ama realmente...
Blackbird…
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