"Com uma tal falta de literatura, como há hoje, que pode um homem génio fazer se não converter-se, ele só, em uma literatura? Com uma tal falta de gente coexistível, como há hoje, que pode um homem de sensibilidade fazer se não inventar os seus amigos, ou, quanto menos, os seus companheiros de espírito?" - Fernando António Nogueira Pessoa
01/01/2010
“ – É dos poetas!”
“ – É dos poetas!”
Dizem…
“ – É dos poetas!”
E não é a imaginação…
“ – É dos poetas!”
Está-lhes nos coração,
E é solidão!
“ – É dos poetas!”
Dizem…
Por mais que fuja e se esconda;
Por mais que percorra o espaço
E engane o tempo,
Por mais que se rodei do mundo;
O poeta será sempre só!
Uma alma errante vagueando…
Procurando algo…
Inexistente talvez…
A felicidade?
“ – É dos poetas!”
Dizem…
É dos poetas e não é o mundo!
Não é dos poetas nem será de ninguém
Porque o mundo não é de ninguém
E é dos poetas!
Mas não o mundo real,
Porque esse não é de ninguém;
Mas o mundo do poeta…
O mundo que ele gira
E cria em torno de si mesmo,
E onde se inventa e reinventa
Em milhares de eu’s…
Nunca sendo verdadeiramente seu dono.
“ – É dos poetas!”
Dizem…
“ – Deve ser doença…
… Algum vírus que por aí anda!
Como esses que se apanham nas esquinas
Ou nos cafés das ruas escuras de Lisboa,”
“ – Tem cuidado com essa cadeira!
Ontem esteve aí sentado um poeta a escrever…
Tens de ter cuidado ou ainda ficas como um deles!
Dizendo coisas ao ar,
Olhando as nuvens…
…Ou pior!
Ainda te pões a dar significado às coisas!...”
“ – É dos poetas!”
Dizem…
A mania de inventar palavras;
De dar um sentido a tudo!
De encontrar uma métrica qualquer,
Que traduza todas as situações…
Que mania essa dos poetas
De se acharem capazes de tudo!
Dizem-se inventores?!
“ – Os grandes inventores para mim,
São os das Igrejas!”
(“ – Sabes, diz-se por aí
Que os poetas vieram de fora,
De um país qualquer lá do estrangeiro…”)
“ – É dos poetas!”
Dizem…
A escuridão,
O silêncio,
A Solidão,
O oculto,
O vazio,
O pensamento,
As palavra,
O coração…
…A morte!
(“Bem essa é de todos!”)
“ – É dos poetas!”
Não dizem…
Mas sabem…
“ – É dos poetas!”
“ – É dos poetas o esquecimento!”
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