"Com uma tal falta de literatura, como há hoje, que pode um homem génio fazer se não converter-se, ele só, em uma literatura? Com uma tal falta de gente coexistível, como há hoje, que pode um homem de sensibilidade fazer se não inventar os seus amigos, ou, quanto menos, os seus companheiros de espírito?" - Fernando António Nogueira Pessoa
03/02/2010
Amanhã deixarei uma rosa sobre teu peito!
A manhã deixarei uma rosa sobre teu peito!
Amanhã passarei ao pé de ti,
E deixarei uma rosa branca no teu peito…
Amanhã triste, triste caminharei até ti!
Deixarei o tempo parado sobre o relógio velho
Guardarei as fotografias na gaveta,
Usarei o perfume que me deste
(A existência, a existência!)
Irei vestir a camisola preta
Que deixei guardada por ti.
Irei a sorrir para junto de ti
De olhar turvo em lágrimas…
Na minha mão ferida e em sangue trarei uma rosa,
A rosa será branca como a esperança…
A que foste no dia em que me deste os teus lábios
Em que apertas-te contra o teu peito a minha mão
Em que me olhaste nos olhos e me disseste:
“Infinito seja o tempo neste dia;
Infinito como o amor que hoje te dou…”
Irei de encontro ao teu corpo por ti!
Irei e caminharei ao teu lado…
Suspiro de aragens,
Vento do abanar das folhas
Sombra sem razão de existir…
E a rosa em minha mão
Baterá a cada passo nosso
Como um coração…
E então com meus olhos eu verei a eterna verdade
Teu corpo pálido sobre a pedra fria jazendo
Então ficarei também eu frio novamente,
Como o era antes de ti!
Então nu de mim novamente,
Deixarei sobre teu peito a rosa branca;
Ou a esperança que tinhas e eras em mim…
O vento (ou o teu sussurro)
Pouco a pouco,
Triste tristemente cada pétala levará…
E então o bater batendo cessará…
E o vento, lenta lentamente me trespassará…
Do céu a chuva caindo cairá
E então para o céu olharás…
E minha alma em paz descansará…
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
Sem comentários:
Enviar um comentário