"Com uma tal falta de literatura, como há hoje, que pode um homem génio fazer se não converter-se, ele só, em uma literatura? Com uma tal falta de gente coexistível, como há hoje, que pode um homem de sensibilidade fazer se não inventar os seus amigos, ou, quanto menos, os seus companheiros de espírito?" - Fernando António Nogueira Pessoa
01/03/2010
Amanhã meu amor…
Amanhã serei a sombra.
A infeliz e imóvel sombra;
Estampada na parede.
Serei a desgraça imponente no teu olhar.
A lágrima seca caída;
Caindo no teu rosto triste.
Amanhã serei a esquecida recordação.
A nua memória perdida voando
Nas ainda brancas folhas
Do velho caderno por estriar.
Amanhã amor.
Serei o teu sorriso triste,
A recordação inapagável na tua mente.
O sentimento triste do teu coração.
Amor em ti amanhã,
Serei o silêncio surdo!
A humidade negra entranhada
Na velha parede branca do quarto.
Amanhã serei um poema por escrever;
A tua velha história de amor;
De que ninguém mais falará.
Amanhã meu amor…
Já depois de me empalarem no caixão
E de a terra me cobrir por completo;
Serei mais uma estrela
Preenchendo um espaço vazio lá no céu.
E depois num silêncio gritado;
Lerás o triste poema que hoje te deixo…
Amanhã meu amor...
Sozinha junto ao monte de terra frio
Deixarás uma flor;
A pequena e já velha rosa branca
Que trouxeste envolvida no cabelo.
Dirás pela última vez: “Eu amo-te…”;
Então chorando e sorrindo partirás
E não mais voltarás a esse lugar
Onde deixaste apagado o teu amor.
“O teu amor apagado…”
Serei em ti amanhã.
Mas isso será amanhã!
Porque hoje amor…
Hoje nem eu sei quem sou…
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