10/06/2009

Asas…


Depois do meu texto/Pensamente "Vida?" uma querida amiga mandou-me este comentário no luso-poemas.net,


TiagoSempre o leio, porque você tem o génio de poeta apesar da sua juventude. Mas, vamos lá a ver: basta de olhar o chão precisa de levantar a cabeça e atentar no cume das montanhas que é nelas que nascem as águas bonançosas e que nos serenam o espírito.Espero a muito curto prazo lê-lo não como quem sobrevive,mas como quem abraça a vida!Aceite o meu abraço.

Olema.


Eis a minha resposta:





Estendo as minhas asas
E o vento a soprar arranha-as
O vento passa e eu nem o sinto
Será mesmo o vento que sinto?
Ou é a escuridão
Passando pelo meu corpo fechado?
Como um bebé no útero
Fecho-me em mim mesmo
O mundo nada me disse,
Nada me diz,
Nada me poderá dizer…
Aliás sou surdo!

Estendo as minhas asas
E o vento a soprar leva-as para longe
O vento passa e eu sinto-o
Porque não é o vento é o vazio!
Mil e uma vozes criticando;
Ninguém percebe e todos opinam!
Encolhido nas trevas
Fico como sempre fiquei…
Desde pequeno que me refugio…
Tento sempre fugir e nunca consigo
Como é que alguém pode fugir de si mesmo?

Estendo as minhas asas
E o vento a soprar desfaz-mas em mil pedaços
Será mesmo o vento, isto que não sinto?
Não!
Porque não é o vento mas sim a realidade,
Como a realidade mostra toda e a crua verdade
Eu não tenho asas,
Pois quem voa são os pássaros e não os humanos!
Os humanos não foram feitos para voar
Mas para estarem de joelhos desejando o céu,
Porque o céu não tem limite,
Mas o humano sim!
Eu não tenho asas,
E o vento não é o vento
Mas a minha própria realidade:

Não sou NADA!

08/06/2009

"Vida?"

A vida?
Diga mal da vida quem a tem!
Eu tenho?
Vida não tenho!

Eu não vivo!
Sobrevivo meste mundo...

07/06/2009

Luz e Escuridão…





Estou confuso,
Nem sei o que fazer
Tenho medo,
Luz ou escuridão;
Onde viver?

Não sei que passos dar,
Nem sei para onde olhar…

Luz,
Gama de comprimentos de onda
A que o olho humano é sensível…
Escuridão,
Ausência de luz…
Duas definições inventadas por alguém
Tão distintas, uma da outras,
Mas definições que não são as minhas

As minhas definições são estas:
A luz;
É tudo aquilo que amo e admiro
Mas a que não consigo chegar.
(É ela…)
A escuridão,
Pedaço de algo,
Vazio, lugar oculto sem localização.
(O meu coração que se perdeu;
Onde eu vivo!)

Eu amo-a!
E não o sabia de inicio;
Mas agora que o meu coração
Pesa uma tonelada
E tão fácil ver.
Sentir.
E arrepender…
A tua dúvida é a minha…
Amar não amar?
Para mim:
Luz, é o teu beijo;
Escuridão: é o meu quarto escuro
E o vazio do meu coração de pedra…

02/06/2009

Vazio…





Lá fora está escuro e eu tenho medo!
Está frio e eu apenas tenho a minha pele…

Ainda sou a mesma criança de sempre
Espero sempre a mesma hora
A hora em que no hospital chegam as visitas
Aquela hora um pouco antes do jantar
Em que vinha minha mãe,
E o meu pai às vezes…
Lembro-me como se fosse hoje!
A espera sem horas…
E todo aquele quarto escuro,
Às vezes dou por mim com saudades
Eu estava no hospital,
Era feliz “e ninguém estava morto” …

Ainda sou aquela mesma criança
A mesma que ainda quer colo…
Aquela que quer sorrir
Mas não consegue…
Lembro-me daquela janela
Aquele pavão branco que agora está morto
Talvez o pavão ainda esteja vivo;
Mas toda a esperança que ele representava morreu…

Lá fora;
No mundo,
Está um monstro e eu tenho muito medo.
Há um monstro com uns olhos grandes
E com uma boca ainda maior…
Tento adormecer de mais um dia…
Na insegurança de não estar em casa.
Rezo todos os dias!
(Porque rezo, se nem sei rezar
E nem me ouço a mim mesmo?)
Peço para voltar para casa,
Para junto dos peluches que te confortam a noite
Para longe dos tristes pesadelos.
Queres voltares para junto de quem amas
(Mas quem amas?)

Porque no vazio…

Ninguém ama!

01/06/2009

Recriação do poema de Fernando Pessoa


“O menino da sua mãe”


Ficou no tempo perdido,
Num dia que a morna brisa aqueceu,
Cadáver pálido, entristecido –
No plaino de saudades esquecido –,
Onde morreu.

Derramou o sangue, o soldado,
Morreu sem o saber ninguém.
Em lágrimas de sangue apodrecido,
Alvo e louro e frio, esquecido,
Jaz nas terras de além.

No seu olhar, tenra a idade!
(Morreu. E a culpa é de quem?)
Deixem-lhe na alma a verdade;
No corpo, deixou-lhe a mãe saudade:
Chamou-o “O menino da sua mãe”.

Caiu-lhe da vazia algibeira
A infância, os sonhos e o destino;
Fê-los a mãe à cabeceira
Da vazia cama de madeira,
Onde já não dorme o menino.

De outra algibeira, caiu-lhe a infância rasgada,
Abandonada a perdida esperança,
Deixada esquecida e ornada
Entre vagas lembranças… Da velha criada
A quem morreu a criança.

Lá longe em casa, acreditou-se
Na suave prece,
– Voltou cedo, sim, voltou!
O menino que sua mãe nunca enterrou…
São assim as malhas que o Império tece!