"Com uma tal falta de literatura, como há hoje, que pode um homem génio fazer se não converter-se, ele só, em uma literatura? Com uma tal falta de gente coexistível, como há hoje, que pode um homem de sensibilidade fazer se não inventar os seus amigos, ou, quanto menos, os seus companheiros de espírito?" - Fernando António Nogueira Pessoa
03/03/2010
A lágrima que eu já não sei chorar...
Se eu pudesse deixar um segundo
Fazer uma pausa e esconder-me…
Atrás desse meu fato
De corvo sem existência!
Ensina a amar que eu não sei mais
Ensina-me a ser eu
Que eu já não me lembro como era…
Ensina-me a viver;
Que eu perdi o rumo
E já não tenho máscaras onde me esconder…
Ensina-me a gritar
Que o mundo já não me ouve…
E hoje eu sou surdo!
Ensina-me a deixar escorrer no rosto
A lágrima que eu também já não sei chorar…
E ensina-me a sorrir
O doce gosto de abrir uma boca sem dentes;
E brilhar…
Ensina-me a ser feliz
Que eu já não sei fingir a felicidade.
Ensina-me onde fica a realidade
Que eu perdi-a na mesma rua
Onde me perdi a mim mesmo.
Eu já não sei nada,
E nada sei sobre nada!
“Eu só sei que nada sei”
Porque nunca soube saber
Aquilo que devia ter sabido
Para saber aquilo que agora sei!
E ao fim de já nem sei o que escrevi;
Porque afinal eu não sei escrever;
E porque isto não passa de um mero ensinamento;
A precisar de um professor que nem sequer ensina!
I Love you! (um hino aos que amam; porque eu não sei!)
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