05/04/2009

“Adeus!”




“Adeus!”…
Foi essa a última palavra.
A última palavra que ouvi os teus lábios dizerem
Aos meus ouvidos sempre ansiosos de te ouvir
“Adeus!”…
Foi apenas o que disseste,
“Adeus!”…

Esse singular “Adeus!” fez-me lembrar outros tempos,
Naqueles fins de tarde
Em que abandonavas o “nosso” banco de jardim
E dizias “Adeus!”.
A esse “Adeus!” cheio de esperança,
Seguia-se sempre o “Até amanhã!”

Mas esse teu último “Adeus!” foi tão diferente
A esse “Adeus!” não se seguiu o “Até amanhã!” de sempre.
Da tua boca o “Até amanhã!” não veio
Nem o sol trouxe o “amanhã”
Para muitos o amanhã veio
Mas para mim não.

Sem ti não há o “amanhã”.
Sem ti não há o dia seguinte.
Sem ti não há o cantarolar que já fazia parte de mim.
Sem ti não há o banco de jardim,
Nem o final de tarde.

Sem ti o “nós” é vago e perde o sentido.
Sem ti o “nós” é solidão e caminho perdido.
Sem ti o “nós” é apenas um “eu” recordando
Sem ti não existe a doce ressonância do “Olá!”.
E o único “Adeus!” que ainda perdura
È apenas um mero eco da recordação…

“Adeus!”…
Foi isto que disseste quando te levantaste do banco de jardim,
Olhaste os meus olhos e despiste-me a alma
(Sempre foste a única a fazê-lo,
Ao olhar-me nos olhos,
E de alguma maneira e sem porquê;
A olhar-me a alma.)
Deste-me um beijo nos lábios e voltaste a dizê-lo:
“Adeus!”…

Viraste as costas e a esquina do jardim…
Ainda vi os teus cabelos pairando sobre os arbustos,
E então desapareceste!
Algo em mim sabia que algo fora esquecido.
Algo ficou por olhar, por beijar, por recordar,
Ou talvez por dizer…

O dia seguinte brotou e o sol beijou-me a cara
E lá estava eu esperando o teu beijo de bom-dia no banco de jardim…
A espera foi longa, e sol foi embora.
O bom-dia não veio nem o teu beijo nos meus lábios
Lembrei o teu olhar e as tuas palavras:
“Até amanhã!”…
Agora sei o que ficou por dizer!
Naquele banco onde ainda te espero
Apenas para te dizer o que foi esquecido:


..."Adeus!"...

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