26/05/2009

Quem me irá amar hoje?

Em mim existe um monstro,
Monstro cruel sedento de raiva e ódio
Existe um monstro que vive só
Num mundo que eu criei.
Sinto-me transfigurado em mim próprio
Na quente febre de me matar
As horas e o tic-tac do relógio
Despontam-me para o mundo real
Tudo é tão turvo e cinzento
Os dias são escuros e sem graça
Esqueço o sabor do pão.
O fugir da água pela garganta
O cantar dos pássaros
E a suavidade do vento
Batendo na cara levemente.
O mundo está podre!
O mundo inteiro é cego e demente
No desejo de raiva e sangue.
Aqui têm o meu
A pulsar-me nas veias
Dos meus braços abertos!
Aqui me têm a mim
Pronto para a derradeira batalha
Em que me irei render sem luta…
Serei engolido pela escuridão
E só as sombras se lembrarão de mim
E só a noite me murmurará
Em segredo nas esquinas
Da cidade onde nunca vivi.

Em mim existe um monstro
Perdido e escondido num labirinto
Feito das contradições do meu cérebro.
Está morto ou adormecido este monstro
Talvez com medo do mundo…
Pois em mim há um monstro!
E no mundo lá fora,
Na paz ou na guerra;
Na lágrima ou no sorriso de uma criança;
Há também um monstro!
Há Um em Todos nós!

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